Segundo números do Diário Oficial da União, apenas em 2019, foram liberados para uso 475 novos agrotóxicos, maior quantidade dos últimos 14 anos. Os agrotóxicos são beneficiados com redução de 60% do ICMS no trânsito interestadual e isenção total de IPI, do PIS/PASEP e do Cofins na importação e sobre a receita bruta de venda no mercado interno.
Substâncias tóxicas tanto para a saúde humana (agricultor e consumidor) como para o meio ambiente, os agrotóxicos são largamente utilizados no Brasil e no mundo para o controle de pragas na agricultura. A prática da monocultura favorece o aparecimento de pragas e doenças, logo a forma mais rápida e eficaz para o seu controle é o agrotóxico, aliado a uma estratégia comercial para a sua venda.
No Brasil já há pesquisas que mostram os custos do uso desenfreado destas substâncias. Um estudo publicado na revista Saúde Pública, feito por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz, revela que, para cada dólar gasto com a compra de agrotóxicos no estado do Paraná, são gastos U$$ 1,28 no SUS com tratamento de intoxicações agudas — aquelas que ocorrem logo após a aplicação. O cálculo não leva em conta o custo das doenças crônicas, aquelas que aparecem ao longo do tempo, como o câncer.
Mesmo diante de evidências científicas do aumento das doenças decorrentes do uso de agrotóxicos, que vão desde arritmias cardíacas, lesões renais, câncer, alergias respiratórias, doença de Parkinson, fibrose pulmonar, entre outras, o volume comercializado só tem aumentado do Brasil, e quem mais ganha com isso são a grandes corporações que faturam bilhões de dólares todos os anos, com ganhos ampliados pelas isenções fiscais que essas empresas possuem no Brasil.
As políticas públicas normalmente são voltadas para o incentivo à agricultura convencional e pouco ou quase nada para a agroecologia, que trabalha com diversidade de cultivos, técnicas e produtos para uma agricultura sustentável, que não intoxique os seres humanos e o meio ambiente. Reduzir o uso e o consumo de agrotóxicos é aumentar a saúde e qualidade de vida dos nossos cidadãos. Países por todo o mundo já aplicam políticas para reduzir o uso de agrotóxicos. Por que o Brasil vai na direção oposta?