Por Manoel Ramires
Os números da Copel impressionam. A maior empresa do Paraná registrou lucro EBITDA de R$ 1,2 bilhão no último trimestre de 2019. Nos nove primeiros meses do ano, este lucro contabilizou R$ 3,2 bilhões. Crescimento de 31% em comparação com o mesmo período de 2018 e já maior do que tudo arrecadado neste ano. Além do aumento de 15,61% das tarifas para a população, o lucro recorde também contabiliza a demissão de funcionários da Copel e suas subsidiárias. Foram 1,2 mil entre 2017 e 2019 dentro da “linha estratégica” de promover o Programa de Demissão Incentivada – PDI.
Política de demissões, aliás, destacada em comunicados realizados ao mercado financeiro. No dia 18 de dezembro de 2019, a Copel comunicava ao investidores o resultado de seu último PDV. O planejado era demitir 492 funcionários. Embora o resultado não tenha sido atingido, ele foi considerado satisfatório.
“No total, 395 funcionários solicitaram e efetivaram o seu desligamento, dos quais, 296 eram da Copel Distribuição, 72 da Copel GeT, 17 da Copel Telecom, 4 da Copel Comercialização e 6 da Copel Holding. O montante das respectivas indenizações totalizou R$ 43,1 milhões e a Companhia tem a perspectiva de redução de custo anual na ordem de R$ 93,7 milhões”, descreve o comunicado ao mercado.
Antes dessas demissões, o quadro de pessoal da Copel encerrava o terceiro trimestre de 2019 do balanço bilionário com 7.513 empregados. Em 2016, quando a política se intensificou, eram 8.531 empregados. A maior redução aconteceu na Copel Distribuição. Caiu de 6022 funcionários em 2016 para 5289 no segundo semestre de 2019. Ou seja, antes dos 296 demitidos no fim do ano. Agora são 4993 colaboradores na Copel Distribuição.
Se de um lado, o presidente da Copel Telecom, Daniel Slaviero Pimentel, adota a política de redução dos quadros, do outro, ao divulgar o balanço financeiro, enaltece o trabalho dos copelianos. Para ele, o resultado do trimestre é “fruto da excelência do trabalho do corpo de empregados. Quero destacar o enorme resultado alcançado pela Copel Distribuição, que alcançou índices de eficiência que igualam ou mesmo superam os das melhores empresas privadas do setor elétrico”, afirmou à Agência de Notícias estadual.
O que o presidente não comenta é que as 1.206 pessoas demitidas acabam sobrecarregando os funcionários em outros setores e que as empresas do grupo Copel perdem conhecimento especializado, pois os demitidos, em sua maioria em fim de carreira, não transmitem mais sua experiência para os colegas mais novos.
Copel Telecom
Alvo de uma disputa judicial que suspendeu o seu processo de privatização, a Copel Telecom vem reduzindo os quadros drasticamente Em 2016, eram 660 funcionários na empresa número 1 em banda larga em todo o país. Após as demissões de fim de ano, agora são 423 funcionários.
No relatório financeiro, a Copel destacava a economia com os empregos: “a conta pessoal e administradores totalizou R$ 14,8 milhões no 3T19, redução de 14,5% ao registrado no 3T18, reflexo da política salarial aplicada pela companhia e do Plano de Demissão Incentivado encerrado em dezembro de 2018”.
A Copel teve “aumento de 5,6% na Receita de telecomunicações, decorrente principalmente do aumento do número de clientes, sobretudo no mercado varejo com o produto Copel Fibra”, mercado que interessa suas possíveis compradoras.