Por Manoel Ramires/Senge-PR
A Sanepar divulgou recentemente a composição acionária da empresa de águas do Paraná. Na divisão do bolo, os paranaenses detém apenas 20% das ações. Os outros 80% estão espalhados com o mercado financeiro, governo de Singapura, Scotiabank (Canadá), Banco Central da Noruega e fundos de investimentos como a XP Long Biased. Apesar disso, o Paraná ainda detém 60% do chamado “capital votante”.
Se atualmente o Paraná, por meio de seu governo, possui quase 101 milhões em ações. Ele é superado com folga pelas ações distribuídas individualmente, que chegam a 293 milhões. Além disso, a XP Long Biased tem 14,7 milhões de ações (2,93% do total). O fundo destaca que prefere ter 20 empresas na carteira, entre elas a Sanepar, para focar seus investimentos de forma detalhada.
Embora o Paraná possua a maioria dos votos no conselho deliberativo (60% contra 28% dos pequenos acionistas), as ações inferiores revelam a possibilidade do governo sofrer fortes pressões do mercado. O relatório da Fitch Afirma Rating, também divulgado no site da Sanepar, destaca o “forte perfil de negócios e financeiro” ao qual a empresa se voltou.
“A Sanepar apresenta desempenho operacional favorável em comparação com seus pares públicos do setor. Há espaço para melhoras (das ações) nos próximos anos, em virtude, sobretudo, da expectativa de aumentos tarifários acima da inflação, conforme autorizado na revisão tarifária de 2017. ”, incentiva o fundo Fitch Afirma Rating.
O fundo ainda aconselha seus acionistas a seguir comprando ações da Sanepar por conta dos reajustes previstos nos próximos cinco anos. “A Fitch estima que os reajustes anuais com base na inflação serão acrescidos de aproximadamente 4,5% ao ano até 2024. (Portanto, existe a expectativa de crescimento das margens da Sanepar nos próximos três anos”, avalia.
Das ações da Sanepar, 36,2% pertencem a acionistas estrangeiros, sem mencionar os bancos, fundos de investimentos e governo de Singapura (1,7%) que está em quarto com mais ações. Outros 35,4% estão nas mãos dos acionistas nacionais, conforme relatório publicado no dia 16 de julho.
A perda da maioria das ações acontece, principalmente, a partir do fim de 2016, quando o governo Beto Richa (PSDB) alegou que suas ações preferenciais estavam “sobrando” e que era necessário vendê-las. O controle acionário foi mantido por conta das ações ordinárias, que dão direito a voto. De uma vez, foram colocadas à venda 154 milhões de ações preferenciais.