Valorizar os profissionais de engenharia, destacar sua importância para a sociedade e sobretudo incentivar o debate e a conscientização de que é possível construir uma engenharia mais democrática e transformadora, capaz de dar vazão às necessidades de nosso povo e nosso país. Essas são algumas das defesas lançadas pelos integrantes do Senge Jovem no manifesto Carta de Faxinal do Céu, documento aprovado durante o 1. Encontro Estadual do Senge Jovem, realizado nos dias 16 e 17 de julho.
Mesmo com o frio da região, que checou próximo a 1.º na cidade, que é distrito do município de Pinhão, no centro-sul paranaense, os debates, que reuniram cerca de 60 dirigentes do Senge Jovem, foram produtivos, conforme aponta o presidente do Senge, Carlos Roberto Bittencourt.
“Ao contrário do clima frio, a motivação e participação ativa dos estudantes e integrantes do Senge Jovem nos debates foi calorosa e rica. Foi revigorante ver como os futuros engenheiros se apropriaram do projeto, assumindo seu papel nos debates sobre o futuro da profissão e principalmente engajados na luta por uma sociedade mais justa”, afirma Bittencourt.
Com mais de 1.800 filiados, o Senge Jovem atua no suporte à qualificação profissional e na inclusão dos acadêmicos de engenharia na participação sindical. Suas principais ações são voltadas à formação acadêmica e na promoção do debate sobre o papel da engenharia na sociedade.
Após três anos do lançamento do programa de relacionamento do Sindicato dos Engenheiros no estado do Paraná (Senge-PR) com os futuros profissionais de engenharia, em abril de 2013, esta é a primeira vez que o Senge Jovem reúne seus dirigentes das regionais para debater estratégias de ações.
Para o diretor do Senge e coordenador do Senge Jovem, Cícero Martins Júnior, a integração foi um marco na história do Senge Jovem na autonomia dos estudantes junto ao projeto.
“Foi muito bom reunir lideranças de engenharia sintonizadas com um ideal de transformação da sociedade. E isso se deu já na idealização do evento, ao escolher o mote Toda Noite Tem Auroras, que remete ao poeta abolicionista Castro Alves. O objetivo disso era indicar que deveríamos buscar um projeto de emancipação para o país, em que o investimento no conhecimento científico e tecnológico caminhe junto com o desenvolvimento social e econômico. E o evento, com o protagonismo dos estudantes se consolidando a frente do Senge Jovem, vimos que é possível construir um futuro em busca de uma aurora de união e fortalecimento dos engenheiros e da sociedade”
Dentre as medidas aprovadas pelos estudantes e dirigentes do Senge Jovem, destaca-se a formalização da coordenação estadual, com participação de 15 acadêmicos e obrigatoriedade de representatividade de todas as regionais do Senge.
Compõem a coordenação estadual os seguintes dirigentes do Senge Jovem: Metropolitana (Curitiba): Won Sim e Anderson Mendes (suplente) / Foz do Iguaçu: Janaína Flores da Silva, Diego Braga Machado e Nayara de Lima Santos (suplente) / Cascavel: Danielison Pinto e Fernando Patrício (suplente) / Londrina: Tayna Rafaela da Silva e Gabriel Heckler / Maringá: Izabela Garcia / Campo Mourão: Daniele Martins de Almeida e Luiz Eduardo Ferreira (suplente) / Ponta Grossa: Murilo Pailo Bandeira e Gabriel Biglia (suplente).
Dentre outras ações, os dirigentes ainda definiram pela criação de um coletivo de jovens engenheiras, que atuarão na promoção de debates sobre gênero, criação de um plano de gestão integrado com uma ferramenta de interação de dados entre as regionais do Senge Jovem, e a realização de um evento de formação estadual até o fim deste ano.
Confira abaixo a íntegra da Carta de Faxinal do Céu.
CARTA DE FAXINAL DO CÉU
MANIFESTO DO 1º ENCONTRO ESTADUAL DO SENGE JOVEM – 16 e 17 de julho de 2016
Ao concluir este 1º Encontro Estadual, depois de 3 anos de existência do Senge Jovem Paraná, com o acúmulo de boas experiências e de expectativas maiores ainda, dizemos: “Toda noite tem auroras”!
Enquanto frente de juventude do Sindicato dos Engenheiros, já passamos de 1800 sócios-aspirantes, distribuídos em mais de 200 cursos, em 67 diferentes instituições de ensino, e continuamos avançando no intento de levar o Senge Jovem aonde quer que haja uma escola de engenharia no Paraná.
Desde a realização de palestras e debates no Sindicato e nas Universidades, até a realização de grandes eventos como as Semanas do Jovem Engenheiro, seguimos difundindo entre os “engenheiros em formação” a necessidade de união e propósito.
União pela importância de integrar – desde a graduação, todas as diversas categorias profissionais de engenharia e geociências, cujos profissionais encontram no Sindicato dos Engenheiros um espaço de discussão e atuação coletiva.
Propósito, ressaltando a importância de valorizar nossa profissão ultrapassando a lógica corporativa e individualista, pelo reconhecimento de que é possível construir uma engenharia mais democrática e transformadora, capaz de dar vazão às necessidades de nosso povo e nosso país.
No contexto histórico em que se dá este 1º Encontro, diante de uma crise econômica profunda, e de uma crise política pior do que a que nos levou ao golpe militar de 1964, diante do impacto direto que o golpe parlamentar em curso pode causar ao processo de desenvolvimento de nosso país, e na mesma medida, à existência, à qualidade e à valorização dos nossos empregos na engenharia, guardamos a clareza de que se faz primordial aprofundar o debate e a compreensão quanto ao cenário que vivenciamos no Brasil e no mundo.
É preciso, cada vez mais, reforçar a organização dos profissionais de engenharia, desde a graduação, bem como é necessário atuar em conjunto e em sintonia com entidades e instituições que defendam mais democracia e mais desenvolvimento, em contraposição às agendas retrógradas que propõe a paralisação de obras de infraestrutura, a redução de investimentos em educação, saúde e programas sociais, a privatização e entrega do patrimônio público a grandes grupos de capital estrangeiro, a redução de direitos trabalhistas e previdenciários, a terceirização desenfreada. Todo este conjunto de medidas de cunho neoliberal, que não passaram sequer pelo crivo das urnas, precisa ser discutido e combatido pela sociedade brasileira como um todo, e os engenheiros e engenheiras podem e devem jogar um papel estratégico nesta luta.
Recordando o poeta abolicionista Castro Alves, ao dizer que “toda noite tem auroras”, nós, estudantes de engenharia, ressaltamos a importância de construir um Brasil emancipado, em que o investimento em conhecimento científico e tecnológico seja capaz de andar lado a lado com a busca do desenvolvimento econômico e social, em favor de um país mais justo e soberano.
Faxinal do Céu, Pinhão, 17 de julho de 2016.