A luta por melhores condições de trabalho vai além das questões salariais. O apoio a iniciativas como a redução da jornada 6×1, atualmente em debate na agenda pública, exige o compromisso de setores estratégicos, como os sindicatos, para fortalecer a construção de um cenário trabalhista que garanta a qualidade de vida dos trabalhadores. Propostas como essa podem resultar em benefícios para a saúde mental e física, promovendo também um equilíbrio entre a vida profissional e pessoal.
Nesta semana (13/11), a proposta de emenda à Constituição (PEC) que visa acabar com a jornada 6×1 — que estabelece uma folga a cada seis dias de trabalho — deu um importante passo, com a adesão de 2,3 milhões de assinaturas na petição online em defesa da medida e o apoio de 194 parlamentares, tornando-a apta para tramitação na Câmara dos Deputados.
Atualmente, a Constituição estabelece uma jornada de até 8 horas diárias e 44 horas semanais, permitindo que o trabalhador tenha apenas um dia de descanso após seis dias consecutivos de trabalho. A mobilização popular por essa mudança tem sido liderada pelo Movimento Vida Além do Trabalho (VAT), com o apoio da deputada federal Érika Hilton (PSOL-SP).
A PEC, caso seja aprovada, entrará em vigor 360 dias após sua publicação. Os apoiadores, ao defenderem o tema, também justificam a proposta como parte de uma tendência global por modelos de trabalho mais flexíveis, que atendem às novas demandas do mercado e buscam proporcionar melhor qualidade de vida aos trabalhadores e suas famílias.
A relação entre jornadas excessivas de trabalho e problemas de saúde mental e física já foi apresentada por órgãos como o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE), que já alertava, em 2007, sobre os malefícios de jornadas excessivas, como o aumento do estresse, da depressão e das lesões por esforço repetitivo. Dados mais recentes, coletados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), confirmam a ligação entre longas jornadas e um aumento de mortes relacionadas a doenças cardíacas e Acidentes Vasculares Cerebrais (AVCs). O estudo, publicado em 2021, mostrou que, entre 2000 e 2016, aproximadamente 745.194 mortes ocorreram devido a essas condições associadas ao trabalho excessivo.
Ao se engajar ativamente em causas como esta, os sindicatos demonstram atenção e preocupação com a modernização das relações de trabalho, respeitando as necessidades dos profissionais em um cenário de constante transformação no mercado. A flexibilização das jornadas, defendida por essa PEC, é um passo importante para adaptar as práticas empresariais às novas exigências de um mundo laboral mais inclusivo e sustentável.
Mais do que um representante legal dos trabalhadores, o Sindicato tem o dever de ser um agente ativo na promoção de mudanças sociais e trabalhistas. Isso envolve não apenas a negociação de melhores condições salariais, mas também a defesa de políticas públicas que impactem positivamente as condições de vida de todos os trabalhadores.
Por isso, ao apoiar causas como o fim da escala 6×1, o Sindicato dos Engenheiros no Paraná (Senge-PR) se soma a essa luta e reafirma seu compromisso com a valorização da classe trabalhadora, em todos os segmentos. Trata-se de um posicionamento ético e solidário com as lutas de outras categorias profissionais rumo à uma conquista que não será de curto prazo, mas um movimento em direção a um novo modelo de trabalho mais saudável e alinhado às necessidades da vida moderna.