Debater o papel dos profissionais de engenharia na defesa da soberania nacional e promover a difusão do conhecimento técnico são algumas das propostas da primeira edição da Semana do Jovem Engenheiro, que começou nesta segunda-feira (27), em Foz do Iguaçu, e contará com quatro dias de palestras e discussões sobre a realidade da profissão, projetos inovadores e a função social da engenharia. A Semana do Jovem Engenheiro é promovida pelo Senge e Senge Jovem com apoio da Uniamérica, da Associação Atlética UDC, do Crea-PR e da União Paranaense de Estudantes (UPE).
Para o diretor da regional do Senge em Foz do Iguaçu, Gilson Branco Garcia, o objetivo da Semana do Jovem Engenheiro é propor a discussão da importância da atuação dos profissionais de engenharia enquanto agentes do desenvolvimento. “Nosso objetivo com o evento é falar sobre nossa comunidade, do engenheiro cidadão. Buscamos trazer a conscientização para os futuros profissionais sobre a função social da engenharia, que atua na construção da infraestrutura, base do desenvolvimento, aquele que proporciona o bem estar social”.
De acordo com o dirigente, a área da engenharia é uma das profissões em que os integrantes podem se orgulhar da atuação e da importância para a sociedade e é fundamental que os estudantes se conscientizem do seu papel na sociedade. “A engenharia é uma vocação, um estado de espírito. Cálculo Diferencial e Integral, Física, Resistência dos materiais, Eletromagnetismo, Elementos de Máquinas, Obras, Planejamento, o meio ambiente, Meios de Produção, enfim, um típico universo de Engenharia. O conhecimento, do pensamento abstrato à materialização do projeto, que cria soluções, inova, constrói”.
Na abertura do evento, que reuniu mais de 400 estudantes das mais diversas modalidades de engenharia da região de Foz do Iguaçu, o diretor da regional do Sindicato, Pablo Braga Machado, alertou sobre a importância do conhecimento técnico para o país. “O conhecimento da engenharia é fundamental para o desenvolvimento do país. Toda a infraestrutura do Brasil é fruto da engenharia, cujo conhecimento técnico deve ser defendido com muito orgulho por todos nós, engenheiros e futuros profissionais”.
Para o diretor do Sindicato, perpassa pelo debate da soberania nacional a defesa das instituições fundamentais para o desenvolvimento nacional e do conhecimento técnico desenvolvido por elas, como a Petrobras. “Muito se tem falado sobre a Petrobras no país ultimamente, e devemos ter um imenso cuidado com algumas armadilhas que podem pôr em risco o futuro da engenharia nacional com os ataques à empresa, responsável pelo desenvolvimento e investimento em tecnologia de engenharia de exploração cujo conhecimento é uma riqueza brasileira”.
O engenheiro Celso Braga, diretor-geral da Uniamérica, universidade que apoia e sedia a Semana do Jovem Engenheiro, parabenizou a Regional do Senge em Foz do Iguaçu e o Senge Jovem pela iniciativa de propor o evento de extensão universitária, a fez um alerta aos estudantes da necessidade de buscarem complementação à formação e à pesquisa. “O nosso pais precisa de engenheiros competentes, que deem sustentação ao crescimento que vem apresentando. Essa competência que precisamos só é alcançada com muita pesquisa, estudo e dedicação. Não existe um processo mágico. Portanto depositamos nossas esperanças em vocês”.
Quadro técnico competente é fundamental par ao desenvolvimento regional
Em âmbito regional, o ex-presidente do Senge e assessor para assuntos estratégicos do Crea-PR, Luiz Carlos Correa Soares, defendeu a participação dos profissionais de engenharia na ocupação de cargos técnicos municipais como agentes fundamentais para a idealização de projetos que promovam o desenvolvimento regional.
Na avaliação do assessor do Crea-PR, são poucos os municípios paranaenses que contam com um corpo técnico qualificado, sendo que em algumas cidades os espaços que deveriam ser preenchidos por profissionais de engenharia sob critérios de qualificação técnica acabam atendendo a interesses políticos.
“São poucos os municípios paranaenses que contam com profissionais de engenharia ocupando cargos técnicos nas prefeituras. As pequenas cidades sequer contam com uma equipe técnica. E nas grandes, vemos muitos casos em que a lógica de preenchimento de vagas é político. A muitas vezes na políticas não temos uma lógica que atenda ao interesse técnico, mas sim ao interesse de poucos políticos. Quando o interesse é apenas político, quem perde com isso é a sociedade, principalmente quando há uma falta de continuidade nos programas de desenvolvimento, alterados na mesma medida em que se trocam os executivos no poder. Nosso papel é interceder, enquanto detentores do conhecimento tecnológico, promovendo um grande movimento de debate para ultrapassar as questões políticas”.
Em palestra magna de abertura do evento, Soares debateu o papel dos futuros profissionais de engenharia no desenvolvimento estadual e apresentou uma síntese do estudo desenvolvido junto ao Conselho, publicado em 2014 sob o título Uma contribuição para Planos de Desenvolvimento do Paraná. No estudo, o engenheiro apresenta uma série de indicadores abrangendo temas setoriais, como recursos naturais, infraestrutura, população, dentre outros, sobre todos os municípios do Paraná, que são fundamentais para subsidiar a produção de planos de desenvolvimento regionais. Clique aqui e confira a versão digital do livro.
Um evento organizados por e para estudantes
A ideia de reunir estudantes e profissionais de engenharia para debater inovações e o papel social dos engenheiros na sociedade surgiu quase concomitantemente à formação do núcleo do Senge Jovem em Foz do Iguaçu, conforme aponte o estudante de engenharia civil, Diego Braga Machado.
“Tudo surgiu com um grupo de estudantes que decidiu procurar no Senge um espaço para integração com o universo da engenharia. Fomos muito bem acolhidos no Sindicato e logo formamos um grupo do Senge Jovem aqui em Foz do Iguaçu. Nossa primeira ação foi pensar em uma palestra paras os estudantes. As discussões foram tomando corpo, e após muito trabalho dos estudantes conseguimos promover junto com o Senge um grande evento reunindo estudantes de engenharia de várias modalidades e instituições de Foz do Iguaçu e Região”.
De acordo com Diego, além do empenho dos estudantes, a abertura do espaço da Regional do Senge em Foz do Iguaçu para os acadêmicos foi fundamental para a promoção do evento e das integrações dos futuros engenheiros. “Há pouco mais de um ano, procuramos o Sindicato dos Engenheiros no Paraná, para participarmos das atividades do Sindicato junto aos profissionais de engenharia. Fomos recebidos de braços abertos no Sindicato, e ficamos sabendo a existência de um projeto do Senge que busca aumentar a participação dos acadêmicos no cotidiano da instituição e da comunidade de Engenharia, que é o Senge Jovem. E desde então temos encontrado nesse projeto e no Senge todo o apoio para que pudéssemos realizar eventos e debates como a Semana do Jovem Engenheiro”.
Para o coordenador estadual do Senge Jovem e diretor do Sindicato, Cícero Martins Júnior, a Semana do Jovem Engenheiro resume a proposta do Senge com a idealização do programa de integração da entidade com os futuros profissionais de engenharia. “A iniciativa louvável dos estudantes daqui de Foz do Iguaçu com o evento sintetiza o conceito base do programa Senge Jovem, criado a partir do pressuposto de que os estudantes são engenheiros em formação, são jovens engenheiros. E isso faz com que desde a formação os jovens engenheiros participem e conheçam o Senge-PR, uma entidade que acompanhará os profissionais ao longo de suas vidas, defendendo seus direitos e interesses”.
Mesmo com a formação recente do núcleo do Senge Jovem em Foz do Iguaçu, iniciado em setembro de 2014, a realização de um evento deste porte, segundo o diretor do Senge-PR, demonstra a representatividade e capacidade de mobilização dos estudantes. “A promoção de um evento estudantil de tal magnitude, com expressiva participação de acadêmicos de vários cursos e instituições também ressalta a força do grupo do Senge Jovem aqui de Foz do Iguaçu sobretudo em reunir todo esse pessoal para debater não apenas sob o ponto de vista técnico, mas sobretudo de uma ótica cidadã, comprometida com o futuro do país”.
Além de Diego, também participaram da organização do evento os integrantes do Senge Jovem Lucas Rodrigo Vons Hoffmann, Shadia Ghassan Safadi, Henrique Machado, Carlos Jarquin, Emily Hermes de Souza, Maria Emilien, Manoel Salazar, Karen da Rosa, Daniele Bernardino, Josiane da Silva, Kim Saiki, Lucas Valiati, Thaís Escobar, e Carla Távora, do Crea Júnior. Formado em setembro de 2014, o núcleo do Senge Jovem em Foz do Iguaçu participa ativamente dos evento e debates promovidos pela coordenação estadual do Senge Jovem e do Senge-PR.
Confira a programação dos outros três dias no site do evento em www.jovemengenheiro.com